Estado espera R$ 9 milhões do Fundersul do eucalipto

Publicado em: 14 mar 2019

Campo Grande (MS) – Dois meses após o governo estadual incluir o setor florestal entre os contribuintes do Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário do Estado (Fundersul), foi publicado na terça-feira (12), no Diário Oficial do Estado, decreto que regulamenta a cobrança, retroativa a dezembro. De acordo com a publicação, produtores de florestas plantadas do Estado têm até o dia 20 deste mês para recolher a contribuição, referente ao período de 28 de dezembro a 28 de fevereiro. 

O valor recolhido ao Fundersul é equivalente a 3,9% da Unidade Fiscal de Referência de MS (Uferms) por metro cúbico de madeira, ou R$ 1,07 considerando a Uferms atual, de R$ 27,59. Para o ano que vem, a alíquota aumenta para 5,4%. De acordo com informações da assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), a expectativa é arrecadar R$ 9 milhões neste ano, com a inclusão do setor florestal na cobrança do Fundersul. 

Diretor-executivo da Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore-MS), Dito Mário destacou que o setor não se furtou a contribuir com o governo, mas esperava um valor mais justo. “Foi muito acima do que se esperava e isso vai pesar para o produtor”, pontuou. 

Segundo o representante da Reflore, o setor florestal é muito novo no Estado, com menos de quinze anos, porém, trouxe grandes transformações para municípios da Costa Leste, em especial Três Lagoas, tanto que a celulose está entre os primeiros lugares na pauta de exportações sul-mato-grossenses. Além disso, enfatizou, o Plano Florestal previsto para o Estado estabelecia que as florestas plantadas chegariam a 1 milhão de hectares no ano de 2030, mas essa meta foi alcançada 13 anos antes, em 2017. 

No entanto, “o consumo de madeira não acompanhou essa trajetória e, por isso, os preços estão achatados”. O valor que se pagava pela madeira era de R$ 60 a R$ 70, 10 anos atrás, hoje a média está em torno de R$ 50. Ainda de acordo com Dito Mário, com a contribuição do Fundersul, o produtor terá de repassar quase 3% do valor do metro cúbico da madeira aos cofres estaduais. 

Outro possível efeito é a paralisação de investimentos na recuperação de estradas, obras que vinham sendo feitas por empresas do setor.  Somente no ano passado, investimentos para essa finalidade alcançaram R$ 100 milhões. “O setor está se ajustando,  estamos com deficit de consumo e gostaríamos de mais indústrias para o Estado. O que a gente espera é que possam vir outros investimentos. Mas, quando se colocam taxas, acaba tirando a competitividade”, alertou. 

Raio X 

Dados divulgados pelo Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio (Siga/MS) revelam que, em Mato Grosso do Sul, a área plantada com eucalipto ultrapassou 1,1 milhão de hectares, o resultado superou em 11% o total verificado em 2017, de 998 mil hectares. 

De acordo com as informações da ferramenta de informações da Aprosoja/MS e do Sistema Famasul, em 2018, a área de plantio de eucalipto era de 1,09 milhão de hectares.  “Nosso estado tem se potencializado nesse segmento produtivo, sendo a segunda maior área do Brasil. O setor tem, ainda, apresentado elevações nas exportações de produtos florestais, com um crescimento de 52% em 2018”, destaca o presidente do Sistema Famasul, Mauricio Saito. 

Segundo as informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 2018, as vendas externas do setor somaram aproximadamente 4 milhões de toneladas, contra 2,6 milhões de toneladas em 2018. As receitas subiram 78%, saindo de US$ 1 bilhão para cerca de US$ 1,9 bilhão. Apenas em janeiro deste ano, os embarques atingiram 390 mil toneladas. O principal destino dos produtos florestais sul-mato-grossense é a China.

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