O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, disse nesta terça-feira, 15, que o governo brasileiro trabalhará para reverter a tarifa de 50% anunciada pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, e que o país poderá pedir uma ampliação de prazo para negociar “se tiver necessidade”.
Em discurso durante reunião com empresários de setores atingidos pela possível tarifa, Alckmin afirmou que a medida do governo Donald Trump contra o Brasil é “absolutamente inadequada” e que o objetivo do encontro é “trabalhar juntos para reverter as tarifas”.
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“Elas [as tarifas] es são absolutamente inadequadas. Os EUA têm déficit na balança comercial com boa parte do mundo, mas tem superávit com o Brasil. Nós temos uma importante complementariedade econômica que envolve também empresas americanas”, afirmou o vice-presidente.
Em entrevista a jornalistas após reunião, Alckmin afirmou que o pedido de ampliação de prazo para as tratativas foi apresentado por representantes da indústria.
“Queremos resolver o problema o mais rápido possível. Se tiver necessidade de mais prazo, vamos trabalhar nesse sentido”, disse.
O Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, criado pelo governo federal, realiza nesta terça-feira reuniões com empresários para discutir como responder à ameaça de tarifaço sobre produtos brasileiros a partir de agosto.
Participam do encontro representantes da indústria, incluindo os setores de aço, alumínio, máquinas, aviação, celulose, calçados e autopeças. Os ministros Fernando Haddad e Rui Costa também participam.
Na parte da tarde, o governo se reunirá com representantes do agronegócio.
Na semana passada, Lula afirmou que seu governo primeiro irá buscar negociar com os EUA, mas alertou que adotará a reciprocidade caso essas conversas não deem frutos.
Veja lista de empresários participantes:
- Francisco Gomes Neto, Presidente da EMBRAER;
- Ricardo Alban, Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI);
- Josué Gomes da Silva, Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP);
- José Velloso, Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ);
- Haroldo Ferreira, Presidente-Executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (ABICALÇADOS);
- Janaína Donas, Presidente-Executiva da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL);
- Fernando Pimentel, Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT);
- Paulo Roberto Pupo, Superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI);
- Paulo Hartung, Presidente Executivo da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ);
- Armando José Giacomet, Vice-Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI);
- Rafael Lucchesi, CEO da Tupy;
- Giovanni Francischetto, Superintendente da Associação Brasileira de Rochas Naturais (CENTROROCHAS);
- Edison da Matta, Diretor Jurídico e de Comércio Exterior do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (SINDIPEÇAS);
- Cristina Yuan, Diretora de Relações Institucionais do Instituto Aço Brasil;
- Daniel Godinho, Diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da WEG;
- Fausto Varela, Presidente SINDIFER;
- Bruno Santos, Diretor Executivo ABRAFE;
- Alexandre Almeida, Diretor RIMA.
AmCham Brasil defende diálogo
Em nota, a A U.S. Chamber of Commerce e a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) pediu aos governos dos Estados Unidos e do Brasil que se engajem em negociações a fim de evitar a implementação da tarifa de 50%.
“A imposição dessa medida como resposta a questões políticas mais amplas tem o potencial de causar danos graves a uma das relações econômicas mais importantes dos Estados Unidos, além de estabelecer um precedente preocupante”, destacam.
Fonte: Isto é Dinheiro