sexta-feira, agosto 15, 2025
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Trump amplia sanção contra brasileiros; veja quem teve o visto cancelado pelos EUA

Decisão cita Mais Médicos e uso da Opas para intermediar médicos cubanos

O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escalou a pressão diplomática contra o Brasil e anunciou, nesta quarta-feira (13), a revogação dos vistos americanos de Mozart Júlio Tabosa Sales, secretário do Ministério da Saúde, e de Alberto Kleiman, ex-funcionário da pasta e atualmente ligado à Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).

A medida foi revelada pelo secretário de Estado, Marco Rubio, que classificou o programa Mais Médicos como “um golpe diplomático inconcebível”.

A decisão foi celebrada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), em autoexílio nos EUA, como um “recado inequívoco” de que “nem ministros, nem burocratas, nem familiares estão imunes” a sanções.

Para o Planalto, no entanto, trata-se de mais um capítulo de ingerência externa que, na prática, fortalece o discurso de soberania nacional defendido por Lula e pelo PT.

A decisão integra a lista de sanções que já atingiu ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Para o governo Trump, Sales e Kleiman atuaram para viabilizar, entre 2013 e 2018, a contratação de médicos cubanos via Opas, driblando sanções americanas a Cuba e garantindo repasses financeiros ao regime de Havana.

O documento acusa ambos de ter “enriquecido o corrupto regime cubano” e de permitir que “médicos fossem explorados” durante a execução do programa.

Quem são os brasileiros atingidos

Mozart Sales, médico de carreira e ex-vereador do Recife, foi secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde entre 2012 e 2014, período em que participou da criação do Mais Médicos. Atualmente, ocupa a Secretaria de Atenção Especializada à Saúde no Ministério da Saúde.

Alberto Kleiman, por sua vez, atuou no Departamento Internacional do ministério até 2015 e, mais recentemente, foi diretor da OTCA para a COP 30. Teve passagem por cargos de relações internacionais em gestões petistas na Prefeitura de São Paulo e no governo federal.

EUA x Brasil

A revogação dos vistos ocorre em um momento de crescente atrito entre Brasília e Washington. Em julho, o governo Trump já havia suspendido as autorizações de entrada nos EUA para oito ministros do STF, incluindo Alexandre de Moraes, além de Paulo Gonet.

A medida gerou reação imediata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que classificou a ação como “arbitrária” e “sem fundamento”, acusando os Estados Unidos de violar a soberania brasileira.

O gesto de Trump amplia o alcance das sanções para além do Judiciário, mirando agora integrantes do Executivo e ex-integrantes de programas sociais e de cooperação internacional.

A leitura, dentro e fora do governo brasileiro, é de que se trata de uma sinalização política, especialmente diante da proximidade de 2026 e do alinhamento público da família Bolsonaro com o presidente americano.

Mais Médicos

Criado em 2013 no governo Dilma Rousseff, o Mais Médicos levou profissionais às regiões mais carentes do Brasil, contando majoritariamente com médicos cubanos recrutados por meio da Opas. A iniciativa enfrentou críticas de entidades médicas e da oposição, que questionavam a validação dos diplomas estrangeiros e o repasse de parte dos salários ao governo cubano.

O programa foi encerrado para os cubanos em 2018, após a eleição de Jair Bolsonaro, mas foi relançado por Lula em 2023. Atualmente, conta com cerca de 24,7 mil médicos em atividade, segundo o Ministério da Saúde.

Fonte: InfoMoney

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