O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que a autarquia deve lançar medidas de segurança voltadas a coibir o uso de contas-laranja no Sistema Financeiro Nacional (SFN) ao longo deste ano. Elas não fazem parte do conjunto de ações lançadas nesta sexta-feira, 5, explicou ele, durante entrevista coletiva sobre o tema.
“A gente pretende também endereçar medidas que são relacionadas a isso, que vão estar entre essas novas medidas que a gente pretende, inclusive, fazer ao longo desse ano”, disse Galípolo.“
Já temos algumas que estamos estudando aqui de maneira bastante profunda, escolhemos a excepcionalidade da situação que estamos passando no País, que era mais interessante e benéfico já soltar aquelas medidas que temos maturidade e confiança para soltar”, disse, em referência aos ataques recentes a instituições financeiras.
O mandatário afirma ter recebido apoio de todas as associações e federações do mercado financeiro para combater os ataques do crime organizado contra o Sistema Financeiro Nacional (SFN). A autarquia lançou uma série de ações no período da manhã desta sexta.
“Se você é uma fintech – e várias fintechs produziram um efeito fantástico no nosso mercado -, e se você é um banco de verdade, você não quer esse criminoso dentro”, disse Galípolo em entrevista coletiva, falando sobre as instituições usadas para lavar dinheiro do crime organizado. “Esse cara não é um banco, nem uma fintech: ele é um criminoso que está usando uma instituição.”
Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a suspeita entre autoridades brasileiras é de que ações do crime organizado estejam por trás dos três últimos ataques hacker a instituições do SFN.
O governo se prepara para um “cenário de guerra” contra o crime organizado, devido à expectativa de uma retaliação forte após as operações deflagradas pela Polícia Federal e Receita Federal.
O presidente do BC reforçou que nenhuma estrutura da autarquia foi comprometida pelos ataques.
Sobre restrição a R$ 15 mil para o valor de TED e Pix de instituições de pagamento não autorizadas e as que se conectam à Rede do Sistema Financeiro Nacional via Prestadores de Serviços de Tecnologia da Informação (PSTI), anunciada nesta sexta-feira, Galípolo disse que a medida levou em conta que 99% das transações de PJ estão abaixo desse valor.
Ele ponderou que o universo englobado pela classificação de PSTI e de contas de instituições de pagamentos não autorizadas é restrito, representando apenas 3% do total de contas existentes no sistema, mas que esse foi o foco das medidas devido ao perfil das tentativas de fraude recentes.
Segundo Galípolo, em boa parte delas, os volumes envolvidos foram elevados, tanto de PIX quanto de TED. Assim, ao restringir o valor, o efeito será forçar que, para realizar algum tipo de ataque, seja necessário fazer uma repetição maior de operações, o que tende a ser capturado mais rápido pelo indicativo de movimento.
O presidente da autarquia enfatizou que essa restrição permanecerá até que ocorra a adequação das instituições aos processos de segurança. Pontuou, no entanto, que há a possibilidade de concessão de autorizações transitórias para algumas situações, desde que seja assinado um termo com o BC, no qual comprove que adotou medidas de governança e de segurança para operar transitoriamente e seja justificada a necessidade.