Em entrevista à CNN, ministro da Fazenda afirma que Brasil vive o melhor ciclo econômico desde 2010
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em entrevista ao programa Bastidor CNN, na segunda-feira (10), que vê espaço para início de um ciclo de redução dos juros no país. Ele comentou a decisão do Banco Central de manter a taxa Selic em 15% ao ano e evitou críticas diretas ao presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, ex-secretário-executivo da Fazenda.
“Não é uma questão pessoal. O Banco Central é mais do que a Selic. Mas há um consenso crescente de que a taxa de juros pode começar a cair”, disse Haddad.
O ministro ressaltou que o debate sobre juros deve ser “honesto e institucional”, e citou que diversos setores — do mercado financeiro ao setor produtivo — reconhecem espaço para redução.

Segundo Haddad, o país encerra 2025 com os melhores indicadores em mais de uma década:
- Maior crescimento médio da economia desde 2010;
- Menor inflação acumulada em quatro anos;
- Menor taxa de desemprego da história;
- Bolsa de valores em níveis recordes e dólar estável.
“Estamos criando um ambiente muito favorável ao investimento. O Brasil tem motivos para otimismo”, afirmou.
Haddad sobre situação fiscal: “O país já esteve muito pior”
O ministro da Fazenda defendeu que a situação fiscal do Brasil é sólida e em processo de melhora. Ele prevê equilíbrio das contas públicas e possível superávit em 2026, mesmo diante de desafios internacionais.
“O déficit primário já foi de 2% do PIB [Produto Interno Bruto]. Hoje falamos em equilíbrio. O Brasil já esteve muito pior”, afirmou.
O ministro explicou o chamado “empoçamento” — recursos empenhados, mas não executados — como fator técnico que afeta a medição dos resultados fiscais. Segundo ele, o fenômeno “é trivial” e ocorre em todas as esferas da administração pública.
COP30: “O Brasil resolveu inovar”
Ao comentar a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que está sendo sediada em Belém (PA), Haddad afirmou que esta deve ser “a COP mais pragmática” já realizada, marcada pela apresentação de propostas concretas.
Entre as iniciativas lideradas pelo Brasil, o ministro destacou:
- O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFF), com meta de captar US$ 10 bilhões até o fim do ano;
- A criação de um mercado internacional de créditos de carbono;
- E a “supertaxonomia”, para padronizar critérios globais sobre atividades sustentáveis.
“O Banco Mundial será o trustee [responsável por administrar] do fundo. É uma chancela importante para a ideia brasileira”, disse Haddad, acrescentando que Alemanha, China, Emirados Árabes e Países Baixos já manifestaram apoio à iniciativa.
Impostos globais e super-ricos
Haddad também abordou propostas internacionais de taxação de super-ricos e imposto global sobre transações financeiras, conhecidas como “CPMF do mundo”.
Ele lembrou que o Brasil defendeu no G20 (grupo dos 20 países mais ricos) a criação de um imposto sobre cerca de 3 mil famílias que concentram US$ 15 trilhões em riqueza, o que poderia gerar US$ 300 bilhões anuais.
“É preciso coordenação entre países, mas é uma discussão necessária. A desigualdade global é inaceitável”, declarou.
Reforma do Imposto de Renda: “Justiça social, não arrecadação”
Haddad celebrou a aprovação unânime da reforma do Imposto de Renda no Congresso Nacional.
O projeto isenta quem ganha até R$ 5 mil, reduz a alíquota para rendas médias e aumenta a tributação sobre cerca de 141 mil brasileiros com renda acima de R$ 1 milhão por ano.
“É um exemplo de despolarização. Câmara e Senado aprovaram por unanimidade um projeto que faz justiça social”, afirmou.
Segundo o ministro, a sanção presidencial deve ocorrer ainda nesta semana, em cerimônia com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ajuste fiscal e tributação das apostas
O ministro reafirmou que o ajuste fiscal é contínuo, mas deve ser feito “com empatia e foco na redução de privilégios”. “O que estamos cortando são privilégios, não direitos”, disse.
Haddad confirmou que o governo mantém a proposta de alíquota de 18% para tributação das apostas esportivas (bets), mas reconheceu que a decisão final caberá ao Congresso.
Reformas e perspectivas
Para o ministro, a aprovação da reforma tributária do consumo consolida um novo ciclo de crescimento. Ele estima que a medida pode acrescentar até 12% ao PIB em dez anos.
“Estamos reconstruindo as bases fiscais do país. O pessimismo faz parte, mas os dados mostram uma economia sólida, inclusiva e preparada para crescer”, apontou.
Fonte: ICL NOTÍCIAS

