O déficit nominal médio entre 2023 e 2026 deve atingir cerca de 8,6% do PIB, superando todos os governos.
O Brasil caminha para encerrar o atual mandato presidencial com o pior resultado fiscal desde a criação do Plano Real, em 1994. Análises econômicas apontam que a terceira gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve registrar o maior déficit nominal médio da história recente, reflexo do aumento expressivo dos gastos públicos aliado ao elevado custo do endividamento. O cenário ocorre em meio a juros altos e ausência de medidas estruturais capazes de conter o avanço das despesas.
O agravamento fiscal também se reflete no endividamento. Dados do Instituto de Finanças Internacionais (IIF) mostram que o Brasil possui hoje a segunda maior dívida pública entre os países emergentes, equivalente a 87,6% do PIB, ficando atrás apenas da China. O patamar elevado aumenta a percepção de risco e pressiona o custo de financiamento do governo, contribuindo para a manutenção de juros elevados por mais tempo.
Especialistas alertam que o descontrole fiscal afeta toda a economia. Com mais recursos destinados ao pagamento de juros, o espaço para investimentos públicos diminui, enquanto empresas e consumidores enfrentam crédito mais caro. Para o advogado tributarista Luís Garcia, o quadro atual compromete o crescimento econômico e tende a gerar maior pressão por aumento de impostos ou cortes em serviços essenciais, atingindo principalmente a população de menor renda.
Apesar das divergências sobre o peso do déficit nominal como indicador econômico, há consenso quanto aos riscos deixados para o próximo governo. Sem uma agenda clara de ajuste fiscal, que inclua controle de gastos e reformas estruturais, a herança para 2027 deve ser de uma dívida elevada, baixa margem de manobra orçamentária e maior vulnerabilidade a choques econômicos, independentemente de quem esteja no comando do país.

