O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu no Brasil pelo 16º trimestre consecutivo.É hora de o Brasil discutir de maneira séria uma revisão do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF)
Pelo 16º trimestre consecutivo, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu no Brasil, mostrou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado referente ao período abril-junho é de alta de 0,4%, a partir de uma movimentação de R$ 3,2 trilhões. Trata-se do maior nível da série histórica, iniciada em 1996. Também supera ligeiramente a estimativa do mercado financeiro, que projetava crescimento de 0,3% — apesar de o resultado ser bem inferior ao trimestre anterior, fechado com expansão de 1,3%.
Na prática, desde o segundo trimestre de 2021, não há recuo na variação trimestral do PIB no Brasil. À época, o país ainda vivia o impacto da pandemia da covid-19. Certo é que os bons ventos da economia abrem precedente para maturação sobre a discussão acerca da distribuição de riquezas, em prol da diminuição da desigualdade social. Se a economia expande, o Estado tende a ter mais mecanismos para promover justiça financeira para os mais pobres.
Diante dos bons ventos da economia, é hora de o Brasil discutir de maneira séria uma revisão do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). A proposta do governo no Projeto de Lei 1.087/2025 é de fixar a alíquota em 10% para os super-ricos — o que diminui desigualdades, mas ainda de maneira tímida em relação à diferença entre os patrimônios dessa camada para o restante da população. A elevação da alíquota para 10% ajuda, mas não alavanca a redução de impostos para os mais pobres na proporção desejada.
Se o texto não é perfeito, ele ainda promove alguma mudança na ponta. O foco número 1 do país deve ser a promoção da justiça tributária. Não há disputa política agora, ou em 2026, que justifique a falta de avanço na tramitação do projeto enviado pelo governo — ainda que as diferenças ideológicas no Congresso sejam profundas.
Desde abril deste ano, a matéria está pronta para ir ao plenário da Câmara dos Deputados. A expectativa fica agora para o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que precisa encarar a questão com a seriedade necessária. Sob críticas da população, sobretudo diante do enorme espaço ocupado pelas emendas parlamentares no orçamento público e do cada vez maior fundo partidário para financiamento de campanhas, o Congresso tem nas mãos a oportunidade de melhorar sua imagem com a sociedade.
A elite brasileira deu vários exemplos de resistência à diminuição da desigualdade, inclusive a partir do inevitável lobby nos corredores de Brasília, mas não há justificativa honesta para não equilibrar, ainda que apenas um pouco, a balança do Imposto de Renda. A mudança precisa vir agora, mesmo diante do momento político conturbado do Brasil.
Fonte: Correio Brasiliense