Viagem de Alckmin a Washington está entre possíveis ações para acelerar negociação
Apesar de reiterarem o pedido para que os Estados Unidos suspendam o tarifaço imposto a exportações brasileiras ao país enquanto durarem as negociações, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os negociadores brasileiros não receberam de Donald Trump e seus assessores nenhuma resposta imediata sobre a possibilidade de uma trégua, ainda que temporária. Ainda assim, membros da comitiva de Lula dizem a interlocutores, inclusive da iniciativa privada, que a expectativa é que o tema seja resolvido ainda neste ano.
A comitiva de Lula chega ao Brasil de volta da Malásia na noite desta terça-feira sem definição de datas para novos encontros, embora haja a possibilidade de uma viagem de Alckmin a Washington nas próximas semanas, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto.
Em conversas com grandes empresários no Brasil, membros da comitiva de Lula na Malásia disseram que, embora o plano A do governo ainda seja obter uma suspensão, ainda que por um prazo de 90 dias, já se cogita e se conversa sobre discutir também isenções setoriais, uma vez que Trump tem sido pressionado por importadores americanos de produtos brasileiros — em especial de café e carne bovina — a relaxar o tarifaço em meio à inflação desses itens no país.
Na semana passada, Geraldo Alckmin já havia dito a empresários do ramo cafeicultor que o plano B do Brasil seria ampliar a lista de itens isentos ao tarifaço, a começar por produtos já inseridos pelo próprio Donald Trump como possíveis exceções por serem “recursos naturais indisponíveis” nos EUA.
No dia 5 de setembro, Trump atualizou o tarifaço e inseriu um anexo de 109 páginas de produtos que poderiam ser isentos de tarifas por serem indisponíveis localmente. No arquivo, constam itens como café, ligas de aço, ferro e carne bovina, produtos que o Brasil historicamente exporta aos EUA, estão entre os principais da pauta de exportações brasileira e hoje estão sujeitos às tarifas de 50%. A efetividade da isenção, porém, depende da decisão pessoal do presidente americano.
A negociação comercial agora, segundo empresários ouvidos pelo GLOBO, deve se dar principalmente entre o vice-presidente Geraldo Alckmin com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e com o representante Jamieson Greer, representante comercial dos americanos. Também devem manter diálogos o chanceler Mauro Vieira e Marco Rubio, bem como o ministro da Fazenda Fernando Haddad e o Secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.
Na frente comercial, ficou acertado, desde a reunião do chanceler Mauro Vieira com Rubio em Washington, que o USTR (Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos) conduzirá as negociações com o governo brasileiro. Empresários, no entanto, dizem, reservadamente, que o shutdown do governo americano, que chega à quinta semana, pode prejudicar o timing das negociações no momento.
Fonte: InfoMoney

