sábado, julho 26, 2025
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Minerais críticos: o que são e por que viraram chave para negociar tarifaço de Trump

A uma semana da entrada em vigor da tarifa de 50%, Brasil enfrenta pressão dos EUA por acesso privilegiado a minérios estratégicos

Falta exatamente uma semana para a entrada em vigor da tarifa de 50% anunciada pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros. Em meio ao impasse comercial, os chamados minerais críticos começaram a ocupar um papel até então inexistente nas tratativas. O interesse americano por esses recursos estratégicos foi formalizado nos últimos dias e passou a ser discutido nos bastidores como possível moeda de troca para tentar destravar a negociação, que segue sem avanços concretos até agora.

Entenda o que são esses minerais críticos, por que os EUA têm interesse neles e como podem ser usados nas conversas para evitar o tarifaço de Trump, que ameaça entrar em vigor no dia 1º de agosto.

O que são minerais críticos e por que são cobiçados?

Minerais críticos são insumos essenciais para indústrias de alta tecnologia e para a transição energética global. Entram nessa categoria elementos como lítio, nióbio, grafita, cobre, terras-raras, entre outros, usados em baterias, semicondutores, veículos elétricos, equipamentos militares e energia renovável.

Segundo o Serviço Geológico dos EUA, o Brasil possui a segunda maior reserva de terras raras do mundo, atrás apenas da China. O país também lidera a produção global de nióbio, com 94% das reservas e 90% da produção, além de posições expressivas em grafita, manganês e vanádio.

Apesar da abundância, a produção ainda é limitada. No caso das terras-raras, por exemplo, o Brasil possui 19% das reservas mundiais, mas responde por apenas 0,02% da produção global.

Interesse americano

O tema dos minerais críticos ganhou destaque após reunião entre o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, em Brasília. Segundo o Ibram, Escobar demonstrou interesse na Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, em preparação pelo governo brasileiro.

Ao Jornal Nacional, o diretor-presidente do instituto, Raul Jungmann, os americanos reforçaram que “realmente precisam de terras raras”. Ele ressaltou que qualquer negociação precisa envolver o governo federal, uma vez que os recursos minerais pertencem à União.

Disputa com a Europa limita margem dos EUA

A pressão dos EUA por acesso preferencial a minerais brasileiros ocorre em um contexto já dominado por acordos comerciais avançados com outros blocos. O acordo entre Mercosul e União Europeia garante ao bloco europeu condições vantajosas para importação de minerais críticos do Brasil, com direito a menores tarifas de exportação e fim de monopólios.

Segundo o jornal Valor Econômico, o Itamaraty confirmou que, caso o Brasil decida aplicar tarifas sobre exportação de minerais críticos, a alíquota para a UE será menor que a de outros países, com teto de 25%. Essa cláusula dificulta a exclusividade que os EUA desejam na negociação.

Riscos e oportunidades para o Brasil

Para especialistas ouvidos pelo jornal O Globo, a posse das reservas minerais não garante protagonismo internacional, mas que, em uma negociação, é preciso transformar os recursos em produtos de valor agregado por meio de políticas industriais e exigência de contrapartidas, como transferência de tecnologia e investimentos em beneficiamento.

Segundo especialistas, se bem geridos, os minerais críticos podem deixar de ser apenas commodities e se tornar instrumentos estratégicos para o desenvolvimento nacional.

Negociações travadas e risco de tarifa cresce

As conversas entre Brasil e Estados Unidos continuam sem desfecho, a poucos dias do prazo de 1º de agosto. O governo Lula insiste em uma solução estritamente comercial e defende adiar ou reverter a medida. O presidente dos EUA, por outro lado, vincula a taxação a questões políticas, como o julgamento de Jair Bolsonaro e a regulação das big techs no Brasil.

O Brasil estuda medidas para mitigar impactos, como a criação de um fundo de apoio a setores afetados e o envio de comitiva a Washington para buscar um acordo. Também está em curso uma articulação para sensibilizar consumidores americanos e pressionar importadores diretamente.

Apesar dos esforços, autoridades brasileiras admitem que a negociação segue travada. Empresários avaliam como improvável uma reversão da tarifa antes do prazo final, e o vice-presidente Geraldo Alckmin informou que a entrada dos minerais na discussão pode fazer a pauta andar.

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