Para analistas da Suno Research, a decisão é inesperada tanto pelo papel que os Estados Unidos ocupam como parceiro comercial do Brasil quanto pelo superávit presente na balança comercial para os EUA
Nesta quarta-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, com previsão de entrada em vigor a partir de 1º de agosto.
A medida surpreendeu o mercado, especialmente porque o Brasil havia sido inicialmente incluído em uma lista com tarifa de 10%, divulgada no Liberation Day, e ainda mantinha negociações para evitar uma elevação tarifária.
Para analistas da Suno Research, a decisão é inesperada tanto pelo papel que os Estados Unidos ocupam como parceiro comercial do Brasil quanto pelo superávit presente na balança comercial para os EUA.
Atualmente, os Estados Unidos são atualmente o segundo maior parceiro comercial do Brasil, respondendo por cerca de 12% das exportações brasileiras, atrás apenas da China, que representa 29%. Apesar de as exportações para os EUA equivalerem a aproximadamente 2% do PIB brasileiro, setores com maior dependência desse mercado devem sentir os efeitos da tarifa de forma mais intensa.
Além disso, o superávit mantido pelos EUA na balança comercial com o Brasil normalmente reduziria a justificativa para medidas protecionistas contra o país.
“No curto prazo, a decisão tende a gerar repercussões negativas sobre a bolsa brasileira, com impacto mais direto em empresas exportadoras”, afirmam Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, e João Arthur Almeida, CIO da Suno Wealth.
- Reação do governo brasileiro: O Brasil pode retaliar elevando tarifas sobre importações americanas, o que elevaria os custos de produção para empresas brasileiras, especialmente em setores que dependem de máquinas, motores e equipamentos. Essa medida poderia pressionar a inflação local. Por sua vez, o governo americano já sinalizou que responderá proporcionalmente a qualquer retaliação brasileira;
- Negociações até 1º de agosto: A janela para negociação permanece aberta, mas o tom político adotado na carta enviada pelo presidente Trump ao governo brasileiro indica que o caminho para um acordo pode ser mais difícil;
- Reprecificação de ativos: A medida pode levar a uma reavaliação dos ativos ligados ao setor externo, criando oportunidades pontuais para investidores que identificarem ativos excessivamente descontados.
Fonte: InfoMoney