segunda-feira, junho 30, 2025
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Portal da reforma tributária pode movimentar mais dados que o Pix; veja como vai funcionar

O governo federal dará início, em julho de 2025, à primeira fase de testes do sistema digital da Reforma Tributária do Consumo (RTC), considerado um dos maiores projetos tecnológicos da administração pública brasileira. Desenvolvido pela Receita Federal em parceria com o Serpro, o sistema será testado inicialmente por cerca de 100 empresas, número que deverá se expandir para até 500 participantes nos próximos meses.

A medida faz parte da preparação para a implementação da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) — dois tributos criados pela reforma aprovada em 2023. Esses impostos começam a ser cobrados de forma efetiva em 2027, mas os testes visam garantir uma transição segura e eficiente para empresas, contadores, desenvolvedores de software e pessoas físicas.

O que é o sistema digital da reforma tributária?

Plataforma robusta para integração tributária

O novo sistema digital, ainda em desenvolvimento, será o ambiente onde empresas poderão emitir documentos fiscais, realizar a apuração dos tributos, acompanhar créditos tributários e monitorar as obrigações fiscais em tempo real. A ideia é consolidar as informações da nova estrutura tributária brasileira em uma única plataforma digital.

Segundo a Receita, o sistema será capaz de processar um volume de dados 10% superior ao Pix, movimentando cerca de 5 petabytes por ano. O projeto conta com o suporte de empresas como Google, Amazon, Huawei e IBM, e utilizará uma infraestrutura de nuvem soberana, com data centers instalados em Brasília e backups externos.

Ferramentas disponíveis na plataforma

As funcionalidades previstas incluem:

  • Calculadora de tributos;
  • Declaração pré-preenchida;
  • Alertas de erro em tempo real;
  • Apuração assistida dos tributos CBS e IBS;
  • Monitoramento de créditos tributários;
  • Cashback para pessoas físicas, com acompanhamento do valor devolvido.

Empresas participantes e cronograma de adesão

Fase 1: empresas com termo de cooperação

A primeira leva de empresas selecionadas integra o grupo que possui termos de cooperação técnica com a Receita, como participantes do programa Confia, voltado à conformidade tributária. Elas serão as primeiras a utilizar o sistema para simular emissões fiscais e realizar testes de apuração tributária assistida, sem qualquer recolhimento real de tributos neste momento.

Fase 2: indicações estaduais e municipais

A segunda fase prevê a inclusão de empresas indicadas por governos estaduais e prefeituras, com foco em companhias que lidam com documentos fiscais estaduais e municipais, como prestadoras de serviços públicos e empresas do varejo.

Fase 3: confederações e associações

Na terceira etapa, prevista para o segundo semestre de 2025, serão incorporadas empresas indicadas por confederações e entidades setoriais, o que deve trazer maior diversidade ao conjunto de testadores, abrangendo desde grandes grupos industriais até micro e pequenas empresas com regime de apuração simplificada.

Apuração unificada da CBS e do IBS

Tributos distintos com visualização integrada

O sistema permitirá que os contribuintes visualizem a apuração conjunta da CBS e do IBS, embora o processamento de cada tributo continue separado — conforme suas respectivas competências federativas. A CBS é federal, enquanto o IBS será compartilhado entre estados e municípios.

A visualização unificada promete simplificar o dia a dia das empresas, reduzir erros e permitir que contadores e gestores fiscais tenham mais clareza sobre o impacto tributário de cada operação.

Testes obrigatórios a partir de 2026

Em 2026, todas as empresas deverão emitir notas fiscais com destaque para os novos tributos, ainda sem recolhimento efetivo. Essa etapa será obrigatória e funcionará como uma fase de adaptação ao novo modelo tributário. A partir de 2027, a cobrança será oficializada.

Destaque: split payment e automação fiscal

ecolhimento automático de tributos

Um dos recursos mais aguardados é o split payment, ou pagamento fracionado, que permitirá o recolhimento automático dos tributos diretamente no momento da transação entre empresas. Essa funcionalidade, que será opcional no início, poderá garantir a geração de crédito tributário em até 24 horas, aumentando a segurança das operações e reduzindo a inadimplência fiscal.

Integração com sistemas empresariais

O sistema está sendo desenvolvido para permitir integração direta com os ERPs e plataformas de gestão já utilizados pelas empresas, por meio de APIs públicas e documentadas. Isso significa que as empresas não precisarão refazer todo seu sistema contábil ou fiscal, bastando adaptar seus softwares para comunicar-se com o novo portal.

Uma nova era da administração tributária

Redução de burocracia e aumento de conformidade

O objetivo do governo é reduzir os custos de conformidade, que hoje estão entre os mais altos do mundo. Segundo o Banco Mundial, empresas brasileiras gastam em média 1.500 horas por ano apenas para lidar com obrigações tributárias — número que pode ser drasticamente reduzido com a automação e centralização oferecida pelo novo sistema.

Impacto esperado na produtividade

A digitalização do sistema tributário deverá impactar positivamente diversos setores da economia. Espera-se:

  • Redução de litígios tributários;
  • Menor dependência de escritórios de contabilidade para tarefas repetitivas;
  • Facilidade no aproveitamento de créditos fiscais;
  • Melhor rastreabilidade das operações econômicas;
  • Maior eficiência na arrecadação tributária por parte do Estado.

O que esperar para 2026 e 2027?

Cronograma oficial

  • Julho de 2025: início dos testes com cerca de 100 empresas;
  • De julho a dezembro de 2025: expansão para até 500 empresas, com integração gradual por critérios técnicos;
  • Janeiro de 2026: todas as empresas passam a emitir notas com destaque da CBS e IBS, sem recolhimento;
  • Janeiro de 2027: início da cobrança real dos novos tributos.

Fiscalização e penalidades

Durante a fase de adaptação em 2026, a Receita utilizará os dados das simulações para identificar falhas, padrões de inconsistência e possíveis fraudes. Não haverá penalidade para erros de apuração nesse período, mas o comportamento das empresas servirá de base para análise de risco e fiscalização futura.

Apoio e infraestrutura tecnológica

Nuvem soberana e segurança de dados

O sistema estará hospedado em uma nuvem soberana do governo federal, garantindo segurança jurídica, controle de acesso e proteção contra vazamentos. Os dados ficarão armazenados em data centers da Receita Federal em Brasília, com backups geograficamente distribuídos para garantir resiliência e continuidade operacional.

Parceria com gigantes da tecnologia

O projeto RTC conta com apoio técnico de grandes empresas globais, como:

  • Google Cloud: suporte em escalabilidade e inteligência artificial;
  • Amazon Web Services (AWS): fornecimento de infraestrutura sob demanda;
  • Huawei: apoio em comunicação segura entre servidores;
  • IBM: integração de processamento analítico de dados fiscais.

Fonte: Seu Crédito Digital

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