Com a aprovação da reforma tributária, o Simples Nacional — regime que beneficia mais de 20 milhões de micro e pequenas empresas no Brasil — entra em uma nova era. As mudanças não alteram diretamente a alíquota do regime, mas trazem ajustes que vão exigir mais planejamento, controles rigorosos e apoio técnico especializado.
A transição será gradual, com implementação completa até 2032, e promete transformar a forma como esses empreendedores lidam com obrigações fiscais e precificação. Para muitos, a mudança pode ser positiva, principalmente para quem atende outras empresas e poderá aproveitar créditos tributários. Mas é necessário cautela, pois novas rotinas operacionais e impacto no fluxo de caixa exigirão adaptação rápida para manter a competitividade.
Duas opções: créditos tributários ou modelo tradicional
Uma das principais novidades para o Simples Nacional com a reforma é a possibilidade de escolha entre dois modelos de recolhimento: o tradicional (já conhecido pelos empresários) e o novo, com aproveitamento de créditos tributários.
Por outro lado, para empresas que atendem predominantemente pessoas físicas, a nova sistemática pode não compensar, já que os clientes não se beneficiam dos créditos. Por isso, cada negócio deverá analisar cuidadosamente qual regime melhor se encaixa no seu perfil.
Contadores terão papel estratégico
Com a nova regra, o trabalho dos contadores ganha ainda mais relevância. Eles serão essenciais para orientar empresários na escolha do regime mais vantajoso, considerando fatores como tipo de cliente, volume de operação, setor de atuação e impactos no preço final.
Além disso, a adoção do modelo com créditos tributários exigirá reorganização de contratos, revisão de precificação e conformidade documental rigorosa. Os sistemas fiscais das empresas também precisarão ser atualizados para lidar com a separação correta dos tributos incidentes.
Impacto no fluxo de caixa e imposto seletivo
Outro ponto que merece atenção é o novo imposto seletivo, previsto para incidir sobre produtos como combustíveis, bebidas alcoólicas e cigarros. Para empresas desses setores, isso não significa um aumento da alíquota do Simples Nacional, mas impõe novas exigências que podem pressionar margens de lucro e demandar renegociação com fornecedores.
O controle financeiro, portanto, se torna ainda mais importante, já que a empresa precisará garantir liquidez para enfrentar essas mudanças sem comprometer seu fluxo de caixa.
Transição gradual até 2032
Segundo a Receita Federal, o novo modelo será implantado progressivamente até 2032, permitindo que empresas tenham tempo para se adaptar. Esse prazo será fundamental para ajustes nos sistemas internos, treinamento de equipes e reestruturação dos processos fiscais.
Atualmente, o Simples Nacional é responsável por cerca de 70% dos empregos formais no Brasil, reforçando a importância dessa transição ser feita de forma cuidadosa para não prejudicar a base da economia.
Para Fernando José, especialista em operações contábeis, o sucesso nessa nova etapa depende de um diagnóstico detalhado da situação da empresa e um planejamento bem estruturado.
As micro e pequenas empresas precisarão revisar controles internos, investir em tecnologia fiscal, qualificar suas equipes e manter-se atualizadas quanto às regulamentações que ainda podem sofrer ajustes ao longo dos próximos anos.
Fonte: Seu Crédito Digital