segunda-feira, dezembro 8, 2025
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Inflação deve voltar a fechar dentro da meta depois de 4 anos; entenda o que mudou

Meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional é de 3% ao ano, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, entre 1,5% e 4,5%

A expectativa do mercado é que a inflação, medida oficialmente no país pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor-Amplo), fique dentro da meta, ou seja, abaixo de 4,5% em 2025. Ainda que próxima ao teto de tolerância estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), caso se confirme a expectativa, seria a primeira vez que a inflação ficaria dentro da meta nos últimos quatro anos.

A meta é de 3% ao ano, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, atualmente entre 1,5% e 4,5%. O mais recente Boletim Focus, um levantamento semanal feito pelo Banco Central com expectativas do mercado sobre os indicadores econômicos, traz a projeção da inflação a 4,43%, que era de 4,45% na semana anterior.

“A reversão do quadro inflacionário se deu por dois motivos principais: valorização cambial e queda do preço de alimentos. A inflação de serviços segue incômoda, mas a taxa de juros também tem conseguido desacelerar a atividade econômica, mesmo que de forma mais gradual que o desejado. E a redução da bandeira tarifária praticamente sacramentou o cumprimento da meta”, avalia Rodolpho Sartori, economista da Austing Rating.

Histórico de inflação dos últimos 4 anos (em %)

fonte: IBGE

Na Austing, a inflação foi revista para baixo tanto para novembro, de 0,25% para 0,19%, como para dezembro, quando a tarifa extra de energia – um item importante no cálculo do IPCA – passa a ser menor com a bandeira tarifária saindo da vermelha para a amarela. Para o último mês do ano, a projeção da Austing passou de 0,45% para 0,35%. Ou seja, o impacto da revisão da bandeira foi de 0,10 p.p. para baixo na estimativa de dez/25. A agência também projeta um IPCA de 4,3% em 2025.

O dado mais recente de inflação divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) traz o IPCA a 4,15% no ano e a 4,50% em 12 meses. “Faz tempo que o Brasil não consegue fechar dentro do teto da meta. Então o que concluímos é que a política monetária mais restritiva está cumprindo o seu papel”, afirma Volnei Eyng, CEO da Multiplike.

Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, também aponta para os efeitos da redução dos preços dos alimentos e do câmbio no índice de inflação. “Ao longo de 2025 chegamos a ter uma inflação projetada de quase 6% [5,8%]. Então, é uma vitória se chegar abaixo dos 4,5%”, diz. Mas, aponta Veronese, apesar de termos entrado em um período de desinflação, o setor de serviços ainda é um ponto de preocupação do ponto de vista inflacionário.

“O que ainda é um problema é o setor de serviços. É uma atividade forte, e é consequência do mercado de trabalho aquecido, então ainda temos uma inflação de serviços que preocupa e deve preocupar em 2026”. Contudo, para ano que vem, a projeção da B.Side é de que o período de desinflação deve seguir, pelos mesmos motivos que contribuíram para seu arrefecimento neste ano. “E também por uma política monetária contracionista, pois, ainda que se reduza os juros, a projeção é de uma taxa a 12% ano que vem”.

Explicações para descumprimento da meta

Quando a meta de inflação não é cumprida, o presidente do Banco Central em exercício deve dar explicações sobre o descumprimento ao ministro da Fazenda por meio de uma carta formal. Até 2024 essa manifestação era anual conforme o índice apurado em dezembro. A carta e a nota devem fazer uma descrição detalhada das causas do descumprimento, as providências para assegurar o retorno da inflação aos limites da meta e o prazo no qual se espera que as providências produzam efeito.

Neste ano a sistemática mudou. Agora, essas explicações devem ser feitas caso a inflação acumulada em doze meses fique, por seis meses seguidos, fora do intervalo de tolerância definido pelo CMN. Por isso, em julho deste ano, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, teve que se justificar ao ministro Fernando Haddad.

Na carta, Galípolo destacou que o descumprimento foi uma combinação de “diversos fatores”, como a atividade econômica aquecida, o mercado de trabalho resiliente, a inércia inflacionária elevada, a desancoragem das expectativas e a depreciação cambial. Segundo o documento, choques nos preços de alimentos industrializados, como café e carnes, e tarifas de energia elétrica também pressionaram o índice.

Galípolo também já havia se manifestado em janeiro, para explicações sobre a inflação em 12 meses até dezembro de 2024, que ficou em 4,83%, acima do teto de 4,5%.

Há 5 meses, a projeção era de que a inflação ficaria dentro da meta apenas em 2026.

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